quarta-feira, 3 de março de 2010

Lembrando Dom Gambini

Era meu primeiro emprego remunerado e 'na área'. Eu e o Carlos tínhamos funções que iam de vender anúncios a escrever matérias, mas era uma revista, oras! O Carlos, que falava inglês, era o repórter oficial e eu, com minha produção gráfica de ESPM, comecei a trabalhar no projeto gráfico (contar laudas, fazer leiaute, moderníssimo!). Gerenciando esses dois grandes futuros profissionais do setor estava Raul Gambini, especialista na indústria gráfica e dono dos dedos mais rápidos que já vi operando uma IBM elétrica. Durante nossos almoços no boteco da esquina (que eu insistia em chamar de 'padaria'), ele apontava para as toalhas de papel, os móbiles anunciando drops, biscoitos ou cerveja, e mostrava que praticamente tudo o que víamos era impresso, obra da indústria gráfica, e falava de quadricromia, registro, pantone, couché, blanquetas, todo um mundo que não desconfiava existir, criando mais um apaixonado pela área -- se não tanto pela gráfica, pela editorial. Aprendi com esse meu primeiro chefe a ser gentil com todo mundo, sem deixar de dizer o que precisa ser dito; a ter amor pelo trabalho, e a buscar sempre o máximo de qualidade em tudo. Mas a maior lição, que ele ensinou como brincadeira, tenho sempre em mente ao escrever e ao pensar qualquer produto de educação: sempre pense em seu leitor/ouvinte/espectador/aprendiz. Para o 'foca' sentado à sua frente, dizia: "você tem que escrever para que qualquer burro entenda..." E, com um sorriso maroto, emendava: "Entendeu?"

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