domingo, 13 de junho de 2010

Idades

Quando criança, meu mundo era aberto,

questionava o que via e ouvia, opinava sobre o que não sabia.

Quando adolescente, pensava como velho,

inocente às contradições do mundo,

cego e surdo às minhas próprias pulsões desencontradas.

Jovem, contemplava sem ironia as indiscrições,

refestelava-me sem culpa em minha paz de espírito alienada.

Adulto, tomo por sabedoria a renúncia e por pragmatismo a covardia,

procrastinando rupturas que já não teria tempo para viver.

Falsa e falaciosa idade da razão, porque o nada não se contenta em só ser.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Descobri Chet Baker na capa de um disco

Era um LP que compramos para um colega, com uma vaquinha no trabalho. A capa me chamou a atenção, uma foto antiga e amarrotada, um rosto sofrido. Era a trilha sonora de Let's get lost, filme de Bruce Weber sobre Chet Baker. A voz que conheci no clip abaixo e não cansa de me emocionar.




Foi uma revelação essa canção (de Elvis costello, imagine só!) e foi um custo encontrar o disco para mim. Foi o primeiro CD que comprei, quando os players eram caros e eu não podia ter um. Logo estava colecionando seus CDs, muitos dos quais fui perdendo para amigos que os pediam emprestados, mas tudo bem, que ele faça aos outros o que fez por mim.

I get along without you very well, of course I do...

Except when soft rains fall,
and drip from leaves, then I recall
the thrill of being sheltered in your arms, of course I do.
But I get along without you very well...

Ouça isto com o Chet Baker cantando e tocando e descubra a força de sua leveza.