segunda-feira, 10 de maio de 2010

Interlúdio doméstico

Ela não gosta de arrumar a cama (quem gosta?) e sempre me chama para ajudar. Quando chego para 'ajudar', ela vai fazer outra coisa e me deixa arrumando sozinho. Hoje não caio nessa e ela vem me atazanar, graciosamente, fazendo piadinhas ou simplesmente cócegas. Estou começando um post aqui, ouvindo meu Beethoven mono no fone de ouvido (não é o fone de ouvido que é mono, sou eu) quando ela perguntou por que nunca escrevi um post sobre ela. Disse que meu blog não é sobre assuntos familiares, mas então ela se sente ignorada e começa uma conversa consigo mesma:
"Sabe, meu avô teria um blog." "É mesmo? Por quê?" "Ora, ele escrevia um diário, o blog é a versão moderna de um diário." "É mesmo?" e por aí vai...
"Você é engraçada", disse a ela. "Chatinha, mas engraçada."
"Ah, quer dizer que você não vive sem mim?"
"Não disse isso!"
"Então você vive sem mim?"
"Vivo, ué, mas só se precisar, não disse que é o que eu quero!"
"Você é horrível, odeio você!", diz, e sai batendo a porta do quarto.
Trinta segundos se passam.
"Vem me dar beijinho de boa noite?" ela mia de lá.
"Não", eu digo. E vou.

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