quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Deadline: deadly or dead

Quando garoto eu era um notório procrastinador. "Não procrastines o que é de feitura hodierna" era literalmente "colóquio flácido para acalentar bovinos". E tinha consciência disso, pois durante todo o cursinho tive pregado na parede do armário uma tira do Fernando Gonzalez que dizia algo como "o vestibular está aí... É preciso muita coragem... Para ler gibi com esse clima!"
O tempo passou e me tornei um profissional responsável e respeitável, e meu relacionamento com os prazos se tornou mais 'administrado'. Tudo tem prazo, todos são curtos, e sempre há acidentes de percurso, mas para isso criamos planejamentos, processos, métodos e planos de contingência. Mas se alguém me propõe um algo mais a fazer, em cima de todos esses prazos -- principalmente se é algo criativo, que me desafia pessoalmente --, então a diversão começa.

Poucas coisas são mais estimulantes que a luta de vida ou morte contra um prazo. Você estuda o adversário, simula mentalmente suas estratégias e táticas, prepara-se com todas as informações e rumina-as. Então, como um samurai, começa a circular o inimigo, em uma espiral que vai deixando-o cada vez mais próximo. O prazo sabe que a vantagem está com ele, que só precisa esperar: por congestionamentos, por bloqueios mentais, pela queda da conexão. Mas a disciplina e a experiência vencem o desafio e, de um só golpe, a entrega é feita e o deadline jaz derrotado.
Com a comemoração contida e respeitosa de campeão de snooker, você aceita o convite tácito para a próxima contenda.

Nenhum comentário:

Postar um comentário