quinta-feira, 22 de abril de 2010

Hoje estou apocalíptico

Enquanto assinava alguns documentos, conversava com uma colega sobre a gravidez de uma outra e fiquei sabendo que era "mais um menino", como a maioria dos nascimentos de que ficamos sabendo nos últimos tempos. O comentário de que estavam nascendo só meninos me trouxe à mente uma idéia estranha e pensei alto: "será que vai haver uma guerra?" Não me peça para explicar de onde tirei essa associação catastrófica. Eu mesmo descartei o comentário idiota, dizendo "que horror" e retomei meu trabalho. O que tem a ver? Historicamente, as guerras matam mais homens, mas nem por isso nascem mais homens às vésperas delas. Foi um pensamente idiota, mas me perdoo, pois ele tem um motivo.
O mundo de conforto de quem tem conforto está ameaçado. Para quem vive o dia, visando somente chegar vivo ao dia seguinte, como tantos, não faz muita diferença, mas para nós que podemos curtir nossa Internet, nossa TV a cabo, nossos DVDs e games, faz muita. Por mais que as épocas mudem, no fim somos pecinhas no jogo da natureza e da sociedade, o que falar mais alto naquele momento. Não escapa à atenção de ninguém que o mundo está mudando ao nosso redor, e que vamos presenciar, nos próximos anos ou mesmo meses, mudanças climáticas e estruturais nunca vistas, e essas mudanças podem causar conflitos piores que as guerras do século XX. Infelizmente, o que podemos fazer hoje são soluções para um futuro que não será mais como o presente; temos de agir, mas não para evitar as mudanças: elas já ocorreram. O que resta é a acomodação e o equilíbrio. Koyaanisqatsi, em 83, tentava falar poeticamente sobre esse desequilíbrio, mas foram precisos 20 anos e um vice-presidente americano com um Powerpoint melhorado para a questão ambiental ser ouvida como algo que não é só para 'doidos que lutam pelos pandas e pelas baleias'.
Mesmo que parássemos hoje de emitir CFC, o que está presente na atmosfera vai continuar destruindo a camada de ozônio por mais 15 anos, tempo suficiente para destruí-la quase completamente. Mesmo que cessemos hoje de empilhar lixo e emitir poluição, o que já está aí vai poluir grande parte da pouca água que resta e causar doenças por muitos anos. O que não quer dizer que não devamos fazer nada. A Terra está nos mostrando que existe, que precisa de equilíbrio e que vai fazer com que isso aconteça, quer queiramos quer não. Se alguns milhões de formiguinhas humanas desaparecerem no processo, é irrelevante. Acho que essa consciência de que o que fazemos afeta, sim, o planeta e nossa própria sobrevivência pode ser o empurrão que faltava para mudarmos nossa maneira de agir.

Um comentário:

  1. Se rolar uma guerra nuclear e não existir mais NY, chope do Original, sabonete ou ar condicionado, pode me matar logo de cara!!!!

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